quarta-feira, 3 de novembro de 2010

domingo, 31 de outubro de 2010

Peça

Para um médico, peça, cadáver, objeto de estudo.

Para um mecânico, peça, componente do carro.

Para um ator, peça, motivo de trabalho.

Pro bandido, peça, arma, instrumento de trabalho.

Para um golpista, peça, armação, trabalho em curso.

Pra criança, peça, parte do jogo.


Se sente dor, que peça novalgina, tylenol ou morfina.

Pagamento à vista, peça desconto.



Peça defeituosa, troca, jogada fora.

Peça fora do lugar, algo de errado, peixe fora d’água

Peça, e assim lhe forneço, e logo te ofereço teu desejo, teu anseio.

Parafuso, peça que falta ou que sobra. Nunca na medida certa.

É manhã. Peça um café pra espantar o sono.

Quem quer de novo, peça Bis, Chocolate ou Kinder Ovo.

Até em euforia, nostalgia, peça: “Toca Raul!”

Seja download, CD ou Vinil. Peça Papa Roach, Pearl Jam, Gilberto Gil.



Só não me peça aquela peça, pois à caminho da peça, quebrou a peça do meu carro – uma peça rara por sinal – e parado na Brasil, me pregaram uma peça: chega um cara com uma peça, e fiquei a ver navios. Desolado, lembrei daquele dito: Quem tem fé, que peça.