sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Osmose Involuntária

31 de Agosto de 2007, acordara com uma ligação do meu irmão que mora no exterior para a minha mãe, mas ela não estava. Era meio-dia, e o frio não castigava como no dia anterior, mas mesmo assim podia sentir minha pele gélida e ouriçada. Resolvi sentar na cama até criar consciência suficiente para caminhar e perceber o que estava acontecendo. Foi quando minha mãe voltou de onde foi e ligou para o meu irmão. Após ouvir alguns comentários negativos a meu respeito, resolvi levantar e banhar-me. Peguei roupas limpas e segui em direção ao banheiro. Antes de me banhar, passei uns bons 5 minutos olhando meu reflexo. Minha aparência após acordar não estava tão ultrajante como no dia anterior, a pele estava mais corada, sem tanta olheira, e, além disso, meu pulmão não doía mais como antes de dormir, tudo estava bem.

Banhei-me com o prazer de sempre, sentindo a água quente bater sobre meu corpo aos poucos, enquanto minha consciência ia despertando aos lentamente. Às vezes sinto a água como uma espécie de Templo, um portal não-material capaz de levar a mente e o espírito a lugares inimagináveis, onde você é capaz de tudo, tudo o que quiser ser, o que quiser fazer. Cada segundo torna-se uma eternidade de prazer e tranqüilidade, e cada suspiro é como se nascesse de novo, pronto para iniciar um novo ciclo de vida.

Enfim, renasci pronto para mais um dia: Vesti-me, olhei-me no espelho, escovei os dentes, olhei-me novamente e fui almoçar. A tarde não foi muito importante, assim como todas as outras. Passei o tempo ouvindo o álbum Unplugged da Alanis Morissete e lendo um livro de economia, enquanto esperava a hora de ir pra faculdade, o que enfim chegara. Tudo estava ótimo, eu estava feliz e empolgado, até que o fato de eu estar sem emprego e estágio bateu em minha cabeça mais uma vez, porém de forma mais violenta agora.

Passei a minha vida inteira mantendo minhas médias acadêmicas excelentes(entre 9 no mínimo e 10), sempre fui o mais politicamente correto possível, sem causar mal a ninguém(na verdade isso nunca me atraiu, por isso não consigo entender o porque das pessoas serem más), e o que isso me representou no mercado de trabalho? NADA! Simplesmente nada, pois lá fora eles não querem saber se você foi um bom aluno, e sim se você está disposto a ser escravizado sem reclamar, se você é burro o suficiente para não questionar algo errado, pois passa despercebido aos seus olhos.

O mais revoltante é ver muitas pessoas que conheço e sei que nunca se esforçaram por nada na vida conseguirem algo só porque conhecem alguém ou porque são "bonitinhos".

Isso tudo me deixou muito pra baixo, assisti a primeira aula, de Microeconomia bem desanimado. No intervalo saí e fui pensar um pouco nos corredores, conversei com alguns amigos de sala que não tenho muito contato, porém são gente muito boa. Até que fui aliviando um pouco a cabeça.

Enfim, fui assistir a segunda aula, de Pré-Cálculo. O professor(o mesmo de Estatística) já havia chego na sala passando 4 questões a serem resolvidas. Fiz as 3 tranqüilamente, mas tinha uma que estava matutando na minha cabeça, e o pior é que ninguém estava conseguindo resolver. O tempo passava e eu decidi resolver aquela "merda", ou então eu não me chamava Alfredo, (mas peraí, meu nome não é Alfredo..rsrsrs), esqueçam isso de Alfredo(afinal, foi uma piada sem graça mesmo)..bem, ou eu não me chamava Jorge Martins.
Analisei a maldita umas 15 vezes, até que faltando 5 minutos para acabar,a resposta veio tão clara em minha mente que nem pude acreditar que aquela questão era tão ridícula. Peguei a folha das mãos de uma amiga, e rapidamente fui desenvolvendo a questão, usando o método dedutivo primeiro, deduzi valores para as respostas, e então apliquei algumas fórmulas e "Voilá"! Estava pronta a questão,e melhor: fui o único a resolver(hehe).

Sempre estranhei bastante o fato de meu cérebro processar as coisas por Osmose e logo após isso comparar com a forma padrão e achar respostas e metodologias para problemas antes incompreensíveis.

Enfim, após isso tudo, lembrei de algo que meus esforços me trouxeram de positivo: minha bolsa de estudos.

Escrito prazerosamente na madrugada do dia seguinte com um pouco de sono e com a mente a 1000km/h.

Eu realmente estou adorando essa idéia de ter um blog, é como uma antiga paixão(escrever) resnascida e adaptada a um novo objetivo.

Jorge Martins

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Primeira Postagem - Pseudo-armageddon

Era uma fria quinta-feira de um estranho inverno de 2007, mais precisamente dia 31 de agosto. O fato mais peculiar é que lembro que em minha infância os invernos eram somente frios ( há dois dias estava fazendo um calor de rachar). Apesar de sentir uma imensa saudade da época em que era criança, isso não vem ao caso. Ao acordar às 13:23, após ser chamado pela 5ª vez por minha mãe, senti que o peso que impedia meu corpo de mover-se já não tinha mais poderes sobre mim. Cambaleante, levantei ainda com um pouco de dificuldade de identificar a minha rota e seus obstáculos, peguei uma cueca limpa, uma calça de moletom cinza desbotada e uma camisa do Pink Floyd que ganhara de meu irmão mais velho em meu último aniversário e fui até o banheiro para banhar-me e enfim acordar pela segunda vez.

Chegando ao banheiro, fiz o meu primeiro e mais repetitivo ritual diário: olhar-me no espelho. Percebendo cada detalhe do moreno recém-despertado rosto amassado e inchado, observava-me cautelosamente. Um pouco aflito olhando meus cabelos e como a cada dia a ausência dos mesmos era maior, xinguei um breve "puta que pariu", me despi e entrei no box.

Após o banho quente e todos os rituais costumeiros de assepsia, antes de sair do banheiro, após esfregar o vidro embaçado do espelho, tornei a olhar-me, porém brevemente. Estava muito mais satisfeito com a minha aparência agora.

Ao sair, uma ótima notícia: minha mãe havia preparado Gnock para o almoço, porém como pura ironia do destino, sempre que ela faz seu delicioso Gnock, estou com alguma afta na boca, o que me impede de sentir boa parte do prazer de comer tal especiaria.

A tarde havia passado rápido nesse dia, tanto que nem notei o tempo passando, e após descansar , ler um pouco e conversar na internet, já eram 17:30, horário de me arrumar para ir pra faculdade.

Estava lá eu novamente pronto com minha larga calça jeans de bolsos laterais, tênis, minha camisa nova do Nirvana que adoro e de mochila nas costas, pronto para mais uma noite de aprendizado destinado a formar um administrador de empresas.

No ponto de ônibus, após uns 20 minutos de espera, pensava como dia estava tão comum e rotineiro, isso até o maldito motorista de um ônibus passar direto por mim, acenando e informando que vinha um outro ônibus atrás. Bem, o ônibus veio 1 minuto depois, porém a minha revolta será entendida posteriormente.

Entrei no ônibus e segui viajem. Ao chegar a uns 200 metros de meu primeiro destino(uma passarela em formato de caracol que dava passagem até o outro lado da cidade, onde eu pegaria mais um ônibus), percebi uma cena atípica, uma rodoviária próxima estava lotada de gente querendo pegar ônibus, e pra piorar, o motorista disse que só dava pra ir até ali. Com muita raiva, tive que descer e correr em direção à passarela, mas o fato curioso aumentou aí: havia muita gente vindo em direçao oposta a mim, algo que nunca presenciei na vida(Por um momento, senti-me em um filme apocalíptico, no qual as pessoas correm desesperadas, pois na direção delas uma grande catástrofe está ocorrendo e há muita gente morrendo). Sem entender nada, e pensando "Se o Mundo está acabando, que se foda", prossegui, atravessei a passarela e fui em direção ao ponto dos ônibus que vão em direção à faculdade, onde ao longe avistei um ônibus saindoe não daria tempo para eu pegá-lo(daí lembrei que se tivesse pêgo o primeiro ônibus que passara antes por mim, poderia chegar a tempo de não perder esse). Novamente com muita raiva entrei em um outro ônibus que sairia em 10 minutos e esperei, até que desesperadamente lembrei que nesse dia eu teria aula de Estatística e Contabilidade, disciplinas que se eu estivesse entendendo 20% do conteúdo era muito.

Ao chegar na faculdade(por sorte a tempo), após recusar mais um papel de festinhas promovidas pela elite de classe alta da faculdade, fui em direção à sala de aula e lá sentei-me e expliquei algumas questões de Matemática a alguns amigos.

Após as aulas da noite, as quais consegui entender completamente e por isso fiquei com um pouco de dor de cabeça pela quantidade exorbitante de conhecimento em um curto espaço de tempo(meu professor de estatística é meio corrido), fiquei sabendo que a grande movimentação no centro da cidade ocorrera porcausa de um catastrófico acidente de trem, por isso as pessoas tiveram que ir para a rodoviária como meio alternativo de transporte.

Eu já tinha percebido que o mundo não havia acabado, mas mesmo assim a sensação tornou o meu dia bem empolgante.

Escrito satisfatoriamente na madrugada do dia seguinte, com uma baita dor no pulmão esquerdo, após finalmente perder a preguiça de criar um blog.

Jorge Martins